Iza enfatiza conexão do reggae com a ancestralidade em single que aponta álbum voltado para o gênero jamaicano
19/09/2025
(Foto: Reprodução) Iza lança o single 'Caos e sal' / 'Tão bonito', amostra inicial de álbum de reggae produzido por Fejuca e Nave
Mar + Vin / Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Caos e sal / Tão bonito
Artista: Iza
Cotação: ★ ★ ★ 1/2
♬ Single com que Iza aponta no horizonte um álbum voltado para o reggae e gravado com produção musical de Fejuca e Nave Beatz, Caos e sal / Tão bonito chegou ao mundo na noite de ontem, 18 de setembro, com discurso de que a artista carioca estaria “abraçando” o gênero jamaicano e entrando nessa cena.
A tese se desmonta para quem sabe que Iza sempre flertou com o ritmo propagado em escala mundial nos anos 1970 por Bob Marley (1945 – 1981). Basta lembrar Brisa (Iza, Sérgio Santos, Ruxel e Pablo Bispo, 2019), hit solar que há seis anos bafejou a discografia da cantora com frescor pop. Ou, voltando um pouco mais no tempo, Pesadão (Marcelo Falcão, Pablo Bispo, Sérgio Santos, Ruxell e Iza, 2017), música que revelou a cantora e compositora há oito anos com mix de batidas de rap e reggae.
Contudo, a dobradinha do single Caos e sal / Tão bonito se diferencia de abordagens anteriores do reggae pela artista por conta da ênfase na conexão do gênero com a ancestralidade, inclusive na estética visual dos figurinos da artista.
Em essência, o reggae nasceu como um brado de resistência do povo preto e pobre da Jamaica contra estruturas arcaicas de poder.
Sob tal prisma, Caos e sal (Iza, Rafa Chagas, Fejuca e Nave) sobressai entre as duas músicas, não somente pela levada do reggae, mas também pela letra escrita com versos que celebram a ancestralidade (“Bem que minha vó falou / Que a força dos ancestrais / Nos protege da dor”), enquanto denuncia e confronta a arrogância do poder (“Gente querendo / Pensando que tá no comando / Que é dono de tudo / Que manda no mundo / Só fala e não quer escutar”) em letra de atualidade impressionante no Brasil.
Já Tão bonito (Fejuca, Nave, Guiggow, Joey Mattos, Carla Sol e Gale) dilui a cadência do reggae em afrobeat embebido em romantismo sensual.
No todo, Iza deixa boa impressão com esse mergulho mais fundo no universo do reggae.
Capa do single ‘Caos e sal / Tão bonito’, de Iza
Mar + Vin / Divulgação